O transtorno obsessivo-compulsivo (TOC) é um transtorno psiquiátrico representado por um grupo diverso de sintomas que incluem pensamentos intrusivos, rituais, preocupações e compulsões.
Historicamente, o TOC era visto como a base do transtorno da personalidade obsessivo-compulsiva. Entretanto, atualmente acredita-se que ambas sejam entidades distintas, tendo o TOC um substrato neurobiológico significativo. No DSM-IV-TR, o TOC estava classificado no grupo dos transtornos de ansiedade. Contudo, no DSM-5, transtorno obsessivo-compulsivo e transtornos relacionados são uma categoria diagnóstica independente.
É chamado de doença silenciosa porque o indivíduo não costuma comentar com outras pessoas seus sintomas, uma vez que podem causar grande constrangimento para si (estima-se que apenas 31% dos casos graves de TOC recebem tratamento específico).
Dessa forma, as pessoas com TOC podem demorar muito tempo para buscar atendimento, e os familiares frequentemente ficam sem entender as motivações de certos comportamentos dos mesmos, caracterizando isso como "ansiedade", "depressão" ou "comportamentos esquisitos".
Uma pessoa com TOC pode ter uma obsessão, uma compulsão ou ambos. Mas o que seriam essas obsessões e compulsões?
Uma obsessão é um pensamento (ideia, sentimento, etc), um impulso ou uma imagem que ocorre de forma intrusiva (surge de forma inesperada) e recorrente (vai e vem com frequência). Trata-se de um evento genuinamente mental.
Uma compulsão é um comportamento (externalizado ou mental) que é realizado afim de diminuir o desconforto provocado pelas obsessões.
Trata-se de um comportamento consciente, padronizado e recorrente, como contar, verificar ou evitar, mas pode haver também compulsões com comportamento mental (pensar sobre algo, por exemplo).
O TOC tem 4 padrões de sintomas obsessivos principais:
1) Contaminação:
Com frequência há uma obsessão de contaminação, que costuma ser seguida de lavagem das mãos ou de outras partes do corpo. às vezes, a preocupação com a contaminação é acompanhada de evitação compulsiva do objeto que se presume contaminado.
2) Dúvida patológica:
É uma obsessão de dúvida, que geralmente é seguida de uma compulsão de verificar o objeto da dúvida. Por exemplo, o indivíduo pensam que pode ter esquecido de desligar o fogão ou de trancar uma porta. Por conta disso, essa dúvida patológica pode levar o indivíduo a realizar várias viagens de volta para casa para verificar aquilo que teme ter esquecido.
4) Simetria:
Há uma necessidade de simetria ou precisão, que pode levar lentidão para realizar determinada tarefa. Por exemplo, os pacientes podem levar horas para terminar uma organização de um armário ou fazer a barba.
Outros temas:
O TOC costuma ter um pico de incidência na infância e outro pico de incidência na idade adulta:
Cerca de 50% dos pacientes com TOC relatam que seus sintomas começaram antes dos 14 anos de idade, mas há relatos de TOC em crianças de 3 anos, embora não seja tão comum. Nesses casos em que há um início mais precoce dos sintomas, o TOC está mais associado com transtornos de tiques comórbidos.
O TOC afeta homens e mulheres na mesma proporção. Quando o TOC surge de forma
súbita em pacientes da
faixa etária pediátrica (dos 3 anos até a puberdade), fique atento às apresentações de
PANDAS / PANS, que são condições autoimunes associadas a infecções.
Respondendo de forma rápida: sim, o TOC tem cura! Entretanto, na prática, não é tão simples assim.
Trata-se de uma doença cujo curso costuma ser longo e variável. Em alguns pacientes os sintomas são flutuantes, e em outros podem ser mais constante.
O TOC é um transtorno que é difícil de tratar. A remissão completa só ocorre em 10 a 20% dos pacientes! Cerca de 30% dos pacientes vão apresentar grande melhora dos sintomas. Aproximadamente 50% têm apenas uma melhora moderada e convivem bem com os sintomas residuais. Infelizmente, os 20% restantes continuam com sintomas significativos.
Fonte:
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Sobre mim ...
Médico Psiquiatra, cristão, casado, pai da Marina, fotógrafo nas horas vagas e pensador constante. Gosto de compartilhar conhecimento, pois acredito que assim aprendo mais e ainda participo do crescimento de outras pessoas. Não perco uma corrida do MotoGP e perco quase todos os jogos do Ceará, mas ainda me considero torcedor praticante =)
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