O transtorno de acumulação é caracterizado pela aquisição desenfreada e sem o devido descarte das coisas adquiridas, resultando no amontoamento excessivo dos espaços de moradia. A aquisição pode ocorrer por meio de compra excessiva (mais comum), mas também através da aquisição de itens gratuitos (ex: folhetos, itens descartados por terceiros) ou até por furtos (menos comum). Se forem incapazes ou impedidos de adquirir tais itens, essas pessoas geralmente experimentam sofrimento.
Às vezes, em vez de objetos existe o acúmulo de animais. Nesses casos específicos, o transtorno é caracterizado pelo acúmulo muito acima do que é considerado usual na cultura da pessoa, havendo dificuldade ou fracasso em manter o mínimo de cuidados veterinários, sanitários, nutricionais e de abrigo, resultando em doenças infecciosas, fome, lesões e outras doenças não tratadas.
Esse acúmulo excessivo costuma ser motivado por um medo de perder itens que a pessoa acredita poderem vir a ser úteis no futuro, seja devido a uma crença distorcida sobre a importância dessas posses ou por um apego emocional extremo a elas.
A acumulação era considerada um subtipo de
TOC (transtorno obsessivo-compulsivo), mas agora é considerada uma entidade diagnóstica separada.
O transtorno de acumulação afeta homens e mulheres em proporção semelhante, sendo mais comum entre pessoas solteiras. É também um transtorno crônico, que geralmente inicia entre a 2ª e 3ª década de vida, raramente apresentando um início mais tardio.
É associada com ansiedade social (fobia social) e com traços de personalidade dependente. Alguns estudos apontam comorbidade importante com depressão², presente em até 50% dos casos. Outras fontes³ apontam que aproximadamente 30% dos pacientes com TOC apresentam o transtorno de acumulação.
Existe uma associação entre acumulação e compras compulsivas. Comprar ou adquirir coisas desnecessárias (incluindo receber presentes) pode ser um conforto para os acumuladores, e 50% de todos os compradores compulsivos exibe um alto nível de acumulação.
É importante citar também que existe uma relação familiar significativa: até 80% dos acumuladores relatam ao menos um parente em 1º grau com comportamento de acumulação.
Muitas vezes pode ser difícil realizar essa diferenciação, mas vou colocar algumas dicas que podem ajudar quando houver essa dúvida (veja a tabela a seguir).
Olha essa dica: os pensamentos relatados por pacientes com transtorno de acumulação costumam ser egossintônicos, ou seja, não são intrusivos ou indesejados. Além disso, não são repetitivos da mesma forma que obsessões do TOC e raramente são experimentados como angustiantes ou desagradáveis.
O transtorno de acumulação é marcado por ser uma condição crônica e resistente ao tratamento. As pessoas afetadas não costumam buscar tratamento antes dos 40 ou 50 anos, mesmo que a acumulação tenha começado na adolescência. A remissão completa ("cura") é rara.
A resposta ao tratamento costuma ser pior que no TOC, pois apenas cerca de 20% dos pacientes com transtorno de acumulação respondem adequadamente à medicação e TCC (terapia cognitivo-comportamental).
As medicações que se mostraram com alguma eficácia em pacientes com sintomas de acumulação são:
Fonte:
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Sobre mim ...
Médico Psiquiatra, cristão, casado, pai da Marina, fotógrafo nas horas vagas e pensador constante. Gosto de compartilhar conhecimento, pois acredito que assim aprendo mais e ainda participo do crescimento de outras pessoas. Não perco uma corrida do MotoGP e perco quase todos os jogos do Ceará, mas ainda me considero torcedor praticante =)
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